Sem Agrotóxico...


Cansado de produtos industrializados
Cujos lábios já não podiam sentir o frescor
Trazia no peito cicatrizes de um passado
Onde ele  teve muitas  mulheres
Mas ausência total de amor
Andava no mundo a esmo
Sem saber
Que quando um homem é verdadeiramente amado
Nunca mais ele é o mesmo
Precisava de sentimentos que lembrassem produtos naturais
Porque pagar para ouvir palavras de amor
Soavam na sua mente como um eco de vozes artificiais
Quando questionado sobre a solidão 
Dizia pouco me importa
Sem saber que era o único dono do coração 
Daquela simples moça que tão  longe regava uma horta
Onde o almeirao amargava como fel
Mas se dobrava macio entremeio as mãos de Raquel
Que gostava de cultivar as hortaliças sem qualquer veneno
Salvo ainda a inocência que adormecia no seu corpo moreno
Preparando os canteiros com farto estrume
Bem longe da maldade e de qualquer ciúme 
Terminando a última tarefa do dia
Bem na hora da Ave Maria
Porque logo a noite irá chegar
E como o orvalho na alface
Manhosa ela irá se deitar
Sem qualquer disfarce
Claro que ela irá chorar
Até que o sono a envolva sobre a maciez do colchão 
E na inquietude da noite
Seus suspiros soem como um açoite 
Afinal
Morenas também sentem solidão...
Raquel Cinderela as Avessas
Enviado por Raquel Cinderela as Avessas em 18/07/2018
Reeditado em 18/07/2018
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