A MÚSICA INTERIOR.
Parei na esquina do meu bairro e escutei uma música que
vinha não sei de onde, fazia frio e as portas e janelas das casas es-
tavão fechadas já se fazia tarde tarde para as conversas, tarde para
os afazeres, tarde para as prosas tarde para estarem acordados.
Só o frio e o silêncio estavam despertos me fazendo companhia
eu estava lá parado na esquina e a música continuava tocando e eu não sabia de onde ela vinha talvez de alguma daquelas casas conjugadas de portas e janelas fechadas ou de algum bar que se atrevia está aberto na-
quele frio que afastava os poetas e bêbados com seu sopro gelado.
Andei alguns passos para saber de onde vinha a melodia que apesar de oculta estava me deixando intrigado,desconfiado e curioso de onde ela vinha?
O frio me fez recuar a minha jaqueta e o meu chapéu não eram
pário para enfrentar aquela frieza. Voltei para a esquina o meu posto de observação então a música voltou a toca como por encanto trazida pelo vento de junho naquela noite de frio.
Quem mais poderia está escutando aquela música ou será que
ela não tocava pra ninguém tocava só por tocar e por isso mesmo só a noite e o frio eram a sua plateia? e a esquina em que eu estava servia de camarote para a que eu pudesse ouvi-la sob o sereno? não sei...
"Pronto daqui não saio" disse para mim mesmo, estava decidido a escutar ate o fim se é que teria um fim! "melhor ficar quieto"
pensei! a música foi ficando mas audível, mais leve então comecei a es-
cuta-la melhor a senti-la melhor. Ela tocava e tocava com carinho como me beijando o espírito e assim como o frio ela foi penetrando meus poros, meus ouvidos meu corpo e minha mente, e foi se tornando a música da noite, do sereno, da esquina, foi se tornando a minha música
nada mais eu poderia fazer ou querer a não ser sentir em cada fibra do meu ser todos aqueles acordes mágicos transmutando os meus pensamentos em raios de luzes inspiradoras.
Mas afinal de contas de onde vinha , por que tocava por que
eu ouvia por que eu deixava ser possuído ser invadido como um palco
sem dono, sem artista e por que eu chorava?
Aquela música tinha haver comigo parecia comigo, as minhas pernas tremiam as minhas lembranças dançavam os meus sentimentos aplaudiam e a música tocava, tocava em tudo que fui, em tudo que quiz e fiz a música tocava em meu coração. Mas de onde ela vinha e por que
tocava e por que eu ouvia? a neblina daquela noite fria foi se abrindo como uma cortina no teatro do meu interior era como se fosse um espe-táculo invisível , solitário discreto e dolente, quanto mas a música tocava
mais eu a entendia eu e a música estávamos quase a sermos um estávamos vibrando no mesmo diapasão,, a ribalta da minha consciência foi acesa assim de repente, então eu pude ver de onde vinha aquela música
e porque ela tocava e porque eu ouvia!!!
A música vinha de dentro de mim ela tocava porque eu a regia eu a ouvia porque eu mesmo a compus, era a minha música que tocava na minha vida, entendi que é preciso estarmos sozinhos nas noites dos nossos silêncio para podermos escutar a música da nossa existência na esquina do nosso ser. Que temos em nosso interior a música
da paz, da harmonia e do amor e que não importa o que fazemos ou o que somos porque sempre haverá a música da vida tocando em nosso
íntimo na esquina do nosso coração.