Mesma espécie, mas sem serem mútuos
Janelas abertas espiando distâncias, tal qual olhares dispersos nos sonhos e andanças. As construções se erguem sob moldes de engenharia visando proteção e morada. Dos mais simples aos mais luxuosos. O fato é que as cidades se alongam na natureza.O universo em vida latente, retrata a grandiosidade da criação divina.Dos poderes dos homens, as sobras da miséria, o vazio das emoções. Há pessoas que se acham deuses. Ofuscam luzes que brilham intensamente nos outros, atirando palavras mórbidas e destrutivas. Ostenta a ignorância como trono e adornam castelos de egoísmos e covardias. No meio das multidões, tantas verdades perambulam em tantas ações e tantas mãos se dão nas mentiras.
O amor e o ódio são enxertos da carne em confronto com a essência. Existe o toque, depois o sentir.
As cidades se proliferam nos solos, como palco para as cenas de sobrevivência e convivência. Os indivíduos se juntam para labores, em prol de valores concretos. Vida de consumismo e competições.
Vão-se os apegos morais nas aulas teóricas dos educadores.
É que tudo são medo e pressa.Não há tempo para prosas, senão grafites enfeitando muros, outdoors anunciando tudo e pichação demarcando território e usufruindo do sujo.
Tantos da mesma espécie, mas sem serem mútuos.
Vasto no peito o lugar para aconchego, mas vazio de tudo, porque a sociedade julga e se fecha para igualdades. Melhor mesmo esse ir e vir mecânico, guardando dinheiro e rancores; sobressaindo-se os divisores de classes; idolatrando competições e competidores, enquanto as bandeiras tremulam ao hino dos perdedores. Porque não a flâmula da real benevolência, quando a vida se trata de passagem? Quando a sociedade se faz sociedade porque são todos dependentes?
As janelas abertas espiando distâncias se fecham devagar, com medo da noite que vem chegando.