Mesma espécie, mas sem serem mútuos

Janelas abertas espiando distâncias, tal qual olhares dispersos nos sonhos e andanças. As construções se erguem sob moldes de engenharia visando proteção e morada. Dos mais simples aos mais luxuosos. O fato é que as cidades se alongam na natureza.O universo em vida latente, retrata a grandiosidade da criação divina.Dos poderes dos homens, as sobras da miséria, o vazio das emoções. Há pessoas que se acham deuses. Ofuscam luzes que brilham intensamente nos outros, atirando palavras mórbidas e destrutivas. Ostenta a ignorância como trono e adornam castelos de egoísmos e covardias. No meio das multidões, tantas verdades perambulam em tantas ações e tantas mãos se dão nas mentiras.

O amor e o ódio são enxertos da carne em confronto com a essência. Existe o toque, depois o sentir.

As cidades se proliferam nos solos, como palco para as cenas de sobrevivência e convivência. Os indivíduos se juntam para labores, em prol de valores concretos. Vida de consumismo e competições.

Vão-se os apegos morais nas aulas teóricas dos educadores.

É que tudo são medo e pressa.Não há tempo para prosas, senão grafites enfeitando muros, outdoors anunciando tudo e pichação demarcando território e usufruindo do sujo.

Tantos da mesma espécie, mas sem serem mútuos.

Vasto no peito o lugar para aconchego, mas vazio de tudo, porque a sociedade julga e se fecha para igualdades. Melhor mesmo esse ir e vir mecânico, guardando dinheiro e rancores; sobressaindo-se os divisores de classes; idolatrando competições e competidores, enquanto as bandeiras tremulam ao hino dos perdedores. Porque não a flâmula da real benevolência, quando a vida se trata de passagem? Quando a sociedade se faz sociedade porque são todos dependentes?

As janelas abertas espiando distâncias se fecham devagar, com medo da noite que vem chegando.

Takinho
Enviado por Takinho em 16/07/2018
Reeditado em 20/08/2020
Código do texto: T6391680
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