PRECIOSIDADES (123)
O R Q U Í D E A
Presa ao tronco, sob alta ramaria,
fidalga, a orquídea viça. Ao seu encanto
pasmam as colírios e se extasia
a noite que a abrilhanta com seu manto.
Espiritual, ao solo repudia
ansiando pelo espaço, no mais santo
desejo de ser pura. A fantasia
lhe esmera a forma e lhe colore o manto.
Flor sonhadora, em busca do infinito,
reclusa em seu páramo selvagem,
guarda o fascínio e a sedução de um mito.
E em sua altiva solidão de asceta,
retrata a orquídea a mais perfeita imagem
da alma utópica do poeta.