ao mesmo tempo antes e depois, fases
gosto desse silêncio desarrumado, que já não é mais só, sozinho, silêncio meu, de dia com gente ao redor, à noite além da própria companhia, os móveis, os cd’s, os livros, a máquina de escrever modelo invicta, o barulho da tv informando de tudo, tentando entreter meus pensamentos sem fazer muito sentido, o som do casal de periquitos na área de serviço, um azul e outro verde, ou verde e azul, é tão gostoso acompanhar o namoro deles, agora do lado de fora tantas pessoas iludidas inventando coisas para fazer, quem sabe por receio de parecer sozinhas, por medo de se sentirem livres, prendem-se tanto que quase sufocam na própria existência, eu aqui dentro com a vida fluída, rindo das bobagens que passam em mim e por mim, quem sabe talvez para eu rever minhas falhas e grandezas, tão natural, tão natureza...