Pablo Neruda
A poesia tem comunicação secreta
com o sofrimento do homem.

Quando quero me esconder, o  esconderijo mais seguro é no oco da palavra.
Poderia ser no oco d’uma árvore não fosse o grilo, um batuqueiro cantando para as estrelas, quebrando o silêncio da noite.
É no silêncio que invento  e me torno visionário, tento medir a dimensão do infinito... que coisa mais irrealizável, o vento  metido a sábio, com seu  jeito acelerado, passa,  varre meus extravagantes devaneios, deixa o poeta á deriva, sofrido,  mastigando as palavras que não puderam ser ditas.
 
Silêncio quebrado, pensamento voando com as borboletas, que faço agora com a ausência do verbo? A palavra não pode emudecer, terei que preencher o oco, o cerne, e isso eu faço com meus versos, sem métrica, sem rima e sem melodia, apenas com minha singela poesia.