Aquela Rua

Aquela rua que fica nos jardins,

velou os meus vinte anos.

Aquela mesma rua,

que de noite era triste e fria

e no verão, o vento a escurecia.

As corujas a escolheram para seus ninhos.

Aquela rua, onde o sol não reinava.

As rainhas nuvens ficavam a rodeá-la,

como corvos à carniça fresca.

Foi nesta rua,

de casas imensas sem vida com seus jardins cremados,

espalhando cinzas e morbidez pela cidade.

Foi sem dúvida nela que encontrei o amor.

Amor no casal de velhinhos da esquina.

Amor na criança a fazer bolinhas de sabão,

enchendo a rua de coloridas bolinhas.

Amor nas brincadeiras da infância.

Vi o jardineiro regar as plantas já mortas,

como se ressuscitasse meus sentimentos.

E cultivando-se fez brotar o amor.

Naquela mesma rua passei parte da minha vida,

Vendo os jardins cremados,

os palacetes assombrados.

Nuvens a sombrear minha rede,

onde dormi nos braços de meu amado.

Sophy
Enviado por Sophy em 04/09/2007
Reeditado em 10/06/2008
Código do texto: T638585
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.