Vende-se um Freezer...
No canto da cozinha havia um espaço vazio
Um vão...
Bem menor que o vazio existente no meu coração
Então minha mãe resolveu um freezer comprar
Naquele espaço perfeitamente ele iria se encaixar
Ela que nessa vida só pensou no nosso bem
Me ensinou a nunca o bem querer o outrem negar
Minha incubência era arrumar o freezer com coisas gostosas
Mas eu fui além...
Em cima dele pus uma delicada toalhinha de crochê
E um vaso de perfumadas rosas
Esse foi meu jeito de cuidar de você
Ele cumprindo a sua sublime função de gelar
Nunca via e nem tinha tempo
Para a moça faceira que passava prá lá e prá cá
E ela todo dia com álcool e um paninho
Retirava dele todo o pó com muito zêlo e carinho
E no calor escaldante das lânguidas madrugadas
Ela sempre vinha descalça se refrescar com água gelada
A cada refeição ela supria nele qualquer vazio
As covinhas do seu sorriso perdoavam aquele frio
Até que um dia a moça se sentou triste na mesa
Olhou para aquele freezer e desabafou:
O senhor não sabe reconhecer uma princesa
Abriu a porta e retirou de lá um último filé
As vezes uma menina se cansa e toma atitude de mulher
Mãe...
Creio que o freezer esta consumindo energia poética demais
Coloque nos classificados:
Vende-se o freezer da moça de Batatais
Ainda esta em bom estado de conservação
Cumpre a contento a sua função
Produz gelo tão bem que de vender até me dá pena
Favor tratar no Recanto com essa digníssima morena
Pela última vez o freezer eu descongelei
Com o capricho de sempre e delicadeza eu o limpei
O embalei em uma caixa de papelão
Pus num canto da garagem em frente ao portão
Esperando alguém que desse a ele...
Mais carinho, mais cuidado e mais atenção
Entrei chorando naquele silêncio da cozinha
E me sentei naquele cantinho
De uma maneira que eu pudesse as minhas pernas abraçar
Escondi entre as mãos meu rosto
Para a fragilidade estampada nos meus olhos ocultar
Ouvi os vizinhos pondo o freezer no caminhão
Rabisquei uma etiqueta e segurei na mão
Frente a frente na carroceria o freezer e Raquel
Ao meu modo eu te amava e sempre lhe fui fiel
E eu que passei a minha vida
Ensinando as pessoas a exercitarem o perdão
Mas uma vez na poesia
Dou voz e vez ao meu coração
Preencha outros espaços e dê vida a outros vâos
Só me resta colar em você essa etiqueta
Manuscrita pelas minhas própias mãos:
" Não aceito devolução..."
No canto da cozinha havia um espaço vazio
Um vão...
Bem menor que o vazio existente no meu coração
Então minha mãe resolveu um freezer comprar
Naquele espaço perfeitamente ele iria se encaixar
Ela que nessa vida só pensou no nosso bem
Me ensinou a nunca o bem querer o outrem negar
Minha incubência era arrumar o freezer com coisas gostosas
Mas eu fui além...
Em cima dele pus uma delicada toalhinha de crochê
E um vaso de perfumadas rosas
Esse foi meu jeito de cuidar de você
Ele cumprindo a sua sublime função de gelar
Nunca via e nem tinha tempo
Para a moça faceira que passava prá lá e prá cá
E ela todo dia com álcool e um paninho
Retirava dele todo o pó com muito zêlo e carinho
E no calor escaldante das lânguidas madrugadas
Ela sempre vinha descalça se refrescar com água gelada
A cada refeição ela supria nele qualquer vazio
As covinhas do seu sorriso perdoavam aquele frio
Até que um dia a moça se sentou triste na mesa
Olhou para aquele freezer e desabafou:
O senhor não sabe reconhecer uma princesa
Abriu a porta e retirou de lá um último filé
As vezes uma menina se cansa e toma atitude de mulher
Mãe...
Creio que o freezer esta consumindo energia poética demais
Coloque nos classificados:
Vende-se o freezer da moça de Batatais
Ainda esta em bom estado de conservação
Cumpre a contento a sua função
Produz gelo tão bem que de vender até me dá pena
Favor tratar no Recanto com essa digníssima morena
Pela última vez o freezer eu descongelei
Com o capricho de sempre e delicadeza eu o limpei
O embalei em uma caixa de papelão
Pus num canto da garagem em frente ao portão
Esperando alguém que desse a ele...
Mais carinho, mais cuidado e mais atenção
Entrei chorando naquele silêncio da cozinha
E me sentei naquele cantinho
De uma maneira que eu pudesse as minhas pernas abraçar
Escondi entre as mãos meu rosto
Para a fragilidade estampada nos meus olhos ocultar
Ouvi os vizinhos pondo o freezer no caminhão
Rabisquei uma etiqueta e segurei na mão
Frente a frente na carroceria o freezer e Raquel
Ao meu modo eu te amava e sempre lhe fui fiel
E eu que passei a minha vida
Ensinando as pessoas a exercitarem o perdão
Mas uma vez na poesia
Dou voz e vez ao meu coração
Preencha outros espaços e dê vida a outros vâos
Só me resta colar em você essa etiqueta
Manuscrita pelas minhas própias mãos:
" Não aceito devolução..."