ELA ERA ASSIM...

Ela era tão bela, doce, cativante.

Temperamental, alternava momentos de ternura e maldades

Devaneios pueris e extravagâncias liberais.

Mais de uma vez amanheceu no Pico do Everest

E ao anoitecer estava nas profundezas abissais.

Tinha o dom de cativar, instantaneamente

Escravizar todos à sua volta

Com um simples olhar, um sorriso.

Eu, pobre mortal, Cavaleiro Insone

Fui presa fácil, dócil, voluntária.

Me entreguei de imediato, corpo e alma

Pleno de avassaladora paixão

E incomensurável tesão.

Doidamente a segui pelas alcovas de cetim

Manietado, de inconfessáveis rituais participei

Em incontáveis noites de orgia sem fim gozei

Manietado, atado, controlado, sem razão

Sem pensar, sem a mínima noção

Da anunciada e próxima destruição.

Impossível resistir ao seu charme,

À sua estonteante beleza

Ao seu peculiar jeitinho de seduzir

De enfeitiçar, de provocar.

Seguidas vezes a titânica ereção

Inenarráveis jornadas de galácticos prazeres

Seguidas de vulcânicas explosões orgásticas.

Insaciável e dominadora Deusa do Amor

Mal o dia amanhecia e de novo

A musa me atraia com seu esplendor

Seu jeito único de fazer amor.

Ela era singular, forma exclusiva

Sem possibilidade de haver outra igual.

Até que o inesperável aconteceu

Um dia, ao amanhecer, mal despertei

E vislumbrei, ela, ao longe, acenando

Uma folha o vento me entregou

Dizia "Foi bom enquanto durou".

Assim ela partiu, numa lufada

Apenas suspirei, pisquei

A musa desapareceu na poeira do tempo.

O sonho dourado terminou

Dela apenas lembranças restou.

Confesso que doeu, mas a pena valeu."

(Juares de Marcos Jardim - Santo André - São Paulo-SP)

(© J. M. Jardim - Direitos reservados - Lei Federal 9610/98)

Juares de Marcos Jardim
Enviado por Juares de Marcos Jardim em 05/07/2018
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