ELA ERA ASSIM...
Ela era tão bela, doce, cativante.
Temperamental, alternava momentos de ternura e maldades
Devaneios pueris e extravagâncias liberais.
Mais de uma vez amanheceu no Pico do Everest
E ao anoitecer estava nas profundezas abissais.
Tinha o dom de cativar, instantaneamente
Escravizar todos à sua volta
Com um simples olhar, um sorriso.
Eu, pobre mortal, Cavaleiro Insone
Fui presa fácil, dócil, voluntária.
Me entreguei de imediato, corpo e alma
Pleno de avassaladora paixão
E incomensurável tesão.
Doidamente a segui pelas alcovas de cetim
Manietado, de inconfessáveis rituais participei
Em incontáveis noites de orgia sem fim gozei
Manietado, atado, controlado, sem razão
Sem pensar, sem a mínima noção
Da anunciada e próxima destruição.
Impossível resistir ao seu charme,
À sua estonteante beleza
Ao seu peculiar jeitinho de seduzir
De enfeitiçar, de provocar.
Seguidas vezes a titânica ereção
Inenarráveis jornadas de galácticos prazeres
Seguidas de vulcânicas explosões orgásticas.
Insaciável e dominadora Deusa do Amor
Mal o dia amanhecia e de novo
A musa me atraia com seu esplendor
Seu jeito único de fazer amor.
Ela era singular, forma exclusiva
Sem possibilidade de haver outra igual.
Até que o inesperável aconteceu
Um dia, ao amanhecer, mal despertei
E vislumbrei, ela, ao longe, acenando
Uma folha o vento me entregou
Dizia "Foi bom enquanto durou".
Assim ela partiu, numa lufada
Apenas suspirei, pisquei
A musa desapareceu na poeira do tempo.
O sonho dourado terminou
Dela apenas lembranças restou.
Confesso que doeu, mas a pena valeu."
(Juares de Marcos Jardim - Santo André - São Paulo-SP)
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