CORRENTEZA
Dentro de mim corre um rio de águas
Puras e cristalinas.
Ralo, sem cor,
Escoa gelado nas veias,
Levando de cima a baixo
Um transbordo de dor.
Por vezes, riacho lodoso,
Barrento, sem fundo.
Deste rio que me inunda,
Tiro o sumo e a seiva
Na esperança de melhor me descobrir.
Porém, ressabiada,
Espio além da borda,
A tempo de ver a aurora
Se afastando do porvir.
Então acordo presa pelo lado interno,
Esquecida do segredo da fechadura
Sem forças para arrombá-la.
Transbordante de gelume,
Espero a correnteza amainar,
Mas quando penso que ela
Passou inteira,
Vem um novo espanto,
Noutro ângulo que ela me presenteia.
Me carrega, me arrasta agora,
Deixando-me truncada,
Porque a solidão está dentro,
Nunca lá fora.
Dentro de mim corre um rio de águas
Puras e cristalinas.
Ralo, sem cor,
Escoa gelado nas veias,
Levando de cima a baixo
Um transbordo de dor.
Por vezes, riacho lodoso,
Barrento, sem fundo.
Deste rio que me inunda,
Tiro o sumo e a seiva
Na esperança de melhor me descobrir.
Porém, ressabiada,
Espio além da borda,
A tempo de ver a aurora
Se afastando do porvir.
Então acordo presa pelo lado interno,
Esquecida do segredo da fechadura
Sem forças para arrombá-la.
Transbordante de gelume,
Espero a correnteza amainar,
Mas quando penso que ela
Passou inteira,
Vem um novo espanto,
Noutro ângulo que ela me presenteia.
Me carrega, me arrasta agora,
Deixando-me truncada,
Porque a solidão está dentro,
Nunca lá fora.