Coisas de mãe
Um senso de responsabilidade hoje invadiu meu dia, não que eu seja irresponsável, mas às vezes parece que o peso fica maior.Mariana minha filha do meio, depois de três anos de noivado, decidiu terminar o relacionamento. Mãe é uma coisa! Acato à decisão dela, mesmo achando os argumentos tolos, e me dói ver a cara do rapaz, tão apaixonado e descartado. Esses tempos modernos trouxeram para as ralações de amor idéias novas sobre o conviver, sobre o que constitui um casamento, a responsabilidade com o outro parceiro. Vejo nesses dias moços e moças reivindicando espaços de convivência próprios, considerando a opinião do outro como invasão, proclamando uma independência não se sei de que. Talvez do próprio amor. E o que observamos, são seres humanos plenos de espaços emocionais vazios, em busca das emoções que rechaçam, por medo... Mariana está com vinte e dois anos! Nessa idade eu já tinha Jorginho, cuidava de um lar, e economizava para comprarmos a casa em que vivemos até hoje. Jorge saía cedo e sempre com a marmita fresquinha, havia o prazer de levantar as quatro da manhã pra fazer o arroz como ele gostava, bem soltinho. Os tempos eram difíceis, mas havia uma cumplicidade entre nós. Quando senti as dores de Mariana, só relaxei e pari quando Jorge chegou e me deu a mão. Decididamente sou da idade da pedra para minha filha! Só peço a Deus que ela não sofra, que mãe nenhuma quer isso para seus filhos. Espero que essa tal liberdade seja leve para ela e que seu tão proclamado espaço não seja cheio de nada. Pois não tem prazer maior pra mim que sentir Jorge acariciando minha barriga, que começa a aparecer, dizendo baixinho que esse bebê vem trazendo pra nós um novo começo. Acho que somos eternos... Jorge e eu.
Stelamaris