Além das sombras - Vazio - III
Essa que vos canta já tinha cansado de olhar as estrelas e de acreditar no indescritível pó cósmico até que no vazio houve o encontro de si mesma.
Faz-se necessário confessar que neste espaço tão gritante assustou-me ver tantas personas vivendo em risos e prantos num microcosmo próximo à morte por beijar e abraçar irrequietos macacos e turvas águas.
Ver-me em açucarados demônios e em rudes anjos foi deverás contraditório para meu sorriso manso e para minhas lágrimas abomináveis, mas por hora a vitória brilha pela coragem e disciplina de ver a transparente essência e a mais obscura ilusão.
Matar o eu, declarar morte a cada eu do Egito e ser, simplesmente ser porque isso é o infinito na mais bela poesia.
Morro um pouco a cada vazio para vencer a morte segunda.
Urge fé para eliminar as sombras, urge fé para dissolver a dormência e urge demasiada fé para ser consciência.