Bacanal
Sua ode ao deus profano perpassa os ritos
a fim de morrer no ocultar do esquecimento;
pois lá, nessa terra indelével,
há somente um matiz de negro estilizado,
que por um vintém transcreve o passado.
Porém, o que quereria apagar
de sua estimável vida, um habitante da luz?
sem dúvida, aquilo que não se dá ao holofote;
aquilo que as caricaturas embotam;
aquilo que os arquétipos desalinham;
aquilo que os diálogos omitem;
aquilo que a dor cicatriza,
que o amor recrimina,
mas que somente a paixão explica.
A libido do espírito advém de Baco
para estrugir catarse da culpa;
para reprimir a mente enevoada;
para entregar tudo à incontingência;
para se importar com os limites;
para propor alegorias,
fundar anarquias, harmonias e alegrias.
Depois, estatelado nesse céu de vis encantos,
jaz moribundo, seu brado de liberdade.
Daquele ignóbil trunfo de conquistas,
o brilho impuro de sua alma, vaga estelar, na chacina do desejo.