Ouvindo paredes e tetos
Desprendido das alturas, vem o sereno tocando relvas e respingando estrada. A noite, tamborila saudades na porta da madrugada.
É que nas horas cavalga o tempo por campos espaçosos, fazendo varreduras no vento. Vida que passa e acena para as cenas vividas.
Remontadas as verdades e as mentiras, tudo se leva para a cama. Separa-se o joio do trigo, a cabeça no travesseiro.
Tem estrelas solitárias na contemplação de milhares de olhares, mais solitários ainda. É que sonhos se pendem nas telas das esperanças.
E o mundo se faz desigual, pela ignorância.
A noite é vastidão de pensamentos, com as chaves das trancas nas mãos. Abrem-se portas e descobre-se que há outras tantas, logo à frente, com as mesmas fechaduras.
Precisa-se saber se gira a chave, ou não.
É que as imagens são vivas ou desdenham, enlaçadas em cada ação.
A vida é jogo de consequências nas causas feitas.
Xadrez que se joga sem tabuleiro demarcado.
As peças são pressas, ou é estadia...
Só se movimentam conforme pedem as estratégias.
Lá fora tem frio e o luar soberanamente se enaltece no brilho, tal qual, pessoas se exaltam no brio, quando devagar começam a descobrir, que portas são para serem abertas. Se forem feitas, porque protegem alguma existência. Descobrir é ato de buscar.
Lidar com o descobrir é novo estudo e aprendizado.
Insônia cambaleia entre dormir e ficar deitado ouvindo paredes e tetos contarem segredos.