contos que contamos ao sol

pousa a tarde, ao lado do

teu prédio. crianças correm

da horta ao portão.

um senhor me cumprimenta,

aceno distraído, vidrado

nos mistérios de o porquê

você não desce. aquela tua vizinha,

a do cachorrinho, disse que você saiu,

apressado, de camisa amarrotada.

olho insone. o sol é um círculo

sob o mundo, pega fogo.

acendo um fumo ali na rua 5.

suave, enquanto a cidade avança

sobre os carros.

meu peito dói. caminho

às cegas por aquele bairro novo,

inclusive, nada de novo na floresta.

os animais ainda se devoram.

já são quase sete. nada de você,

apenas avenidas.

cães. ratos. tantas outras coisas

menos líricas que você. e álcool,

sempre tem o álcool né.

eu mesmo nem sei das coisas,

coisa alguma. apenas flutuo entre

as pessoas. prédios. casas.

visto minha cara. vadio,

incinero pontas. pontes. cruz.

desatando um nó. um rolo.

Vini Miranda
Enviado por Vini Miranda em 19/06/2018
Código do texto: T6368582
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