PAIXÕES

Quando eu era criança, minha mãe nos alertava para a vantagem de se ter bondade. Dizia para prestarmos atenção nas velhinhas boas que ainda eram bonitas.

Na opinião dela, as rugas eram sinal de maldade.

Acreditei nessa conversa por muito tempo, o que é próprio das crianças pequenas. E corroborado pela minha primeira professora.

Ela era boa. Bondosa mesmo. E até hoje conserva certo ar de juventude.

O tempo passou e percebi que minha mãe estava certa, mas descobri que a bondade sòzinha não evita as rugas. É preciso ter paixão.

Aquela professora era apaixonada. Pelos alunos, pelo magistério, pela vida.

Trocava nosso recreio por leitura de Monteiro Lobato e aquela merenda nunca foi tão bem substituída.

Muitos de nós tomou gosto pela leitura, muito mais do que pela sopa da escola.

Ela nos acompanhou da primeira à quarta séries, movida mesmo pela paixão àquela classe especial.

Demos muito prazer à ela, sendo bons alunos. E ela a nós, nos ensinando a viver.

Hoje tenho certeza de que bondade de mãe, mais paixão de professora, resulta em cirurgião plástico falido.

Cidinha
Enviado por Cidinha em 03/09/2007
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