Sem inspiração
Às vezes chego à pensar que não sou dessa terra,
Nem sofro, apenas sinto as coisas sem solução.
Vejo pessoas se perdendo em palavras que poderiam
silenciar para não ferir ninguém...
E essa minha vontade de voar sem hora para parar,
chega à me sufocar, posso caminhar, sem correr.
Nem em pensamentos posso voar, ousei um dia amar,
Não foi uma boa experiência.
Dentro desta minha casa feita de muralhas secas,
me sinto dentro de um ninho, tentando
resgatar o meu coração, que nele ficou preso.
Já não sei voar, isso me pesa,
Daqui posso ver as fases da lua que ora
estoura de felicidade, por outra murcha tímida,
amargurada em sua fina saudade.
Daqui eu posso mesmo é tudo,
Só não consegui nunca, por você, ser amada.
Você, impossível sonho que sonhei,
Nem meu pássaro é mais, não consigo ver a sua cor.
Voou mais alto que eu, e para mais longe, infinitamente.
Acostumei a ver você só de muito longe, sem uma palavra
sequer. Sem alcançá-lo, já não sofro,
Não adianta;
Sabendo que é o amor que para mim, sempre idealizei.
Não sou poeta, nem sou o amor que pede,
que chama, que não reclama alguém
que em toda sua vida, nunca viu.
Você é só alguém da minha imaginação.
Para que querer tocá-lo, se a sua beleza e encanto,
Está em não ser, está em nunca lhe haver tido.
E assim não voando por um mundo, que eu chamo
De seu caminho, por onde vou sem você.
Para que querer o amor em sua plenitude,
Se a sua beleza é assim voando, sem eu poder tê-lo?
Eu o sufocaria, por certo se sentiria entristecido,
depois morreria e assim, o amor seria esquecido.
Seja o azul, dum marinho inatingível, que cintila ao sol,
confundindo à minha visão, serei o vento à lhe cercar,
Existindo sozinha, por aí à fora sem e com você.