NOTURNO DA VERTIGEM
Os vários acesos em meio à tempestade revelam o mundo além da caligem
sob os rios da chuva e ondas de neon depois do asfalto e da metrópole
porém sempre haverá o oculto
fantasma preso entre as dimensões
aquilo que se perdeu no tempo e espaço
a eternidade que se apega às gotas d'água
o germe prisioneiro em lâminas de metal
num mundo em carne viva a poesia é navalha e pura vertigem
qual é o espanto de quem olha para o espelho sem se achar
seguindo desertos e descrença espalhando sementes em pedregais?
há que entregar à força vital
adentrar com força em mar desconhecido
mas quem é você se não sou eu?
um estranho por vezes é uma resposta pra todo nosso abandono
há sempre um porém
vivemos em tempos fluidos prisioneiros de incertezas e cavernas
tudo mudado em um piscar de olhos
como se pode ter certeza se o solo flutua sob placas tectônicas?
hoje sendo estrelas e constelações
ora rebeldes vitoriosos enquanto golpes se tornam revoluções
sombras perdidas na chuva
esquerda e direita partidos em dois ao ser observados
qual a luz ou o elemento que por fim nos reunirá?
buscando redenção se descobre
a cidade é tão grande quanto um universo
mas a vida eterna não se encontra nas suas esquinas