NOTURNO DA VERTIGEM

Os vários acesos em meio à tempestade revelam o mundo além da caligem

sob os rios da chuva e ondas de neon depois do asfalto e da metrópole

porém sempre haverá o oculto

fantasma preso entre as dimensões

aquilo que se perdeu no tempo e espaço

a eternidade que se apega às gotas d'água

o germe prisioneiro em lâminas de metal

num mundo em carne viva a poesia é navalha e pura vertigem

qual é o espanto de quem olha para o espelho sem se achar

seguindo desertos e descrença espalhando sementes em pedregais?

há que entregar à força vital

adentrar com força em mar desconhecido

mas quem é você se não sou eu?

um estranho por vezes é uma resposta pra todo nosso abandono

há sempre um porém

vivemos em tempos fluidos prisioneiros de incertezas e cavernas

tudo mudado em um piscar de olhos

como se pode ter certeza se o solo flutua sob placas tectônicas?

hoje sendo estrelas e constelações

ora rebeldes vitoriosos enquanto golpes se tornam revoluções

sombras perdidas na chuva

esquerda e direita partidos em dois ao ser observados

qual a luz ou o elemento que por fim nos reunirá?

buscando redenção se descobre

a cidade é tão grande quanto um universo

mas a vida eterna não se encontra nas suas esquinas

Ronaldo Thomé
Enviado por Ronaldo Thomé em 18/06/2018
Código do texto: T6367328
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