Ser... Criança
Ouve!... Houve um tempo em que o mundo era tão grande e coube na minha imaginação.
Houve um tempo em que os castelos de areia eram soprados pelo vento em fantasia, num ir e vir de ondas, junto a imensidão do mar.
Quando amar era sentimento intenso pelos pais, irmãos, avós, tios e primos eram presentes presentes nos aniversários e férias de verão no Alegrete, Chicolomã, Cassino, Imbé, Tramandaí ou Capão.
Quando amigo era vizinho e considerado irmão e permaneciam abertos a porta da frente, as janelas e o portão... de todas as casas e casa era lar.
Houve um tempo em que as canções eram de roda, eram cirandas cirandinhas e as brincadeiras lúdicas, como um passa passará, ovo podre, meia meia lua um, dois, três e por aí vai.
Houve um tempo em que o Forte era Apache e as batalhas entre índios e soldados povoavam as pequenas mentes de intensas emoções e já brincava-se de polícia e ladrão.
Houve um tempo de pomar e galinheiro, com pato, marreco, galinhas, galos e garnizés e três ou quatro cuscos de nomes Colé, Bolinha, Duquesa, Duty e tantos, tantos outros.
Houve um tempo em que ser criança bastava-nos e eu, particularmente,
prolonguei meu mundo de fantasias até os dezesseis anos; hoje pode parecer muito pelas novas gerações, mas para mim foi pouco, muito pouco...