Crônica da Sexta.
Hoje acordei tarde e senti o cheiro de chuva. Não gosto do inverno porque lembra-me dores do ontem que ainda latejam na carne, nos dentes e ossos.
Hoje acordei tarde e senti o cheiro do café forte à mesa. E entre bocejos de sono e preguiça senti um pouco de nada. Como um grande corpo sem sangue, sem funcionalidade, sem órgãos.
Fui à rua andar, como sempre. Nos meios fios encontro-me um pouco. Entre os carros que passam, da pressa sem destino dos nossos dias e na garoa das montanhas longínquas que me sussurram gritos de desespero.
Tento por nome nas coisas enquanto ando mas falta-me pulsão, o desejo e a fome para o novo. Hoje enquanto caminho observo os loucos nas calçadas. Invejo-lhes. Pois em sua alma eles rompem com real e vivem pelo dionisíaco que transborda em cores desconhecidas, sem substantivos, algo para além do conceito.
-Sinto falta do conatus Spinozista-
Sim, sinto falta de pecar. Ouço gritos dos camelôs pobres e escuto por entre os seus anúncios o eco da dor lancinante de Cristo no calvário.
Porque ainda creio que há uma fome além do pão material.
Existe a saciedade do transcendental, do não finito, da totalidade do ser.
Sinto-me esvaziar dentro dessas palavras. Mas vou caminhando, sempre.
Com dores, alegrias esporádicas e esperando sempre um Deus que não vem.
Hoje acordei tarde e senti o cheiro de chuva. Não gosto do inverno porque lembra-me dores do ontem que ainda latejam na carne, nos dentes e ossos.
Hoje acordei tarde e senti o cheiro do café forte à mesa. E entre bocejos de sono e preguiça senti um pouco de nada. Como um grande corpo sem sangue, sem funcionalidade, sem órgãos.
Fui à rua andar, como sempre. Nos meios fios encontro-me um pouco. Entre os carros que passam, da pressa sem destino dos nossos dias e na garoa das montanhas longínquas que me sussurram gritos de desespero.
Tento por nome nas coisas enquanto ando mas falta-me pulsão, o desejo e a fome para o novo. Hoje enquanto caminho observo os loucos nas calçadas. Invejo-lhes. Pois em sua alma eles rompem com real e vivem pelo dionisíaco que transborda em cores desconhecidas, sem substantivos, algo para além do conceito.
-Sinto falta do conatus Spinozista-
Sim, sinto falta de pecar. Ouço gritos dos camelôs pobres e escuto por entre os seus anúncios o eco da dor lancinante de Cristo no calvário.
Porque ainda creio que há uma fome além do pão material.
Existe a saciedade do transcendental, do não finito, da totalidade do ser.
Sinto-me esvaziar dentro dessas palavras. Mas vou caminhando, sempre.
Com dores, alegrias esporádicas e esperando sempre um Deus que não vem.