Safra
É de pão e canção que falo
De caminhos cruzados
Que cruzam o dia a dia
É de paz e paciência que digo
E nuvens no céu de maio
E do almoço de todo domingo
É no chão e semente que semeio
E semeio chuva e semeio sonho
E colho água e colho vida
É de árvores e sombras que falo
Seringueira, jabuticaba, cerejeira
Os montes e suas oliveiras
É de gente e amigo que digo
Digo de qualquer maneira
São as águas de todos os rios
São todos os meus navios
São rastros de lua no telhado
São as danças nos quadris
É disso tudo que danço
É disso junto que vivo
É de alegria e ciência que falo
De noites estaladas de estrelas
De cantos africanos que medito
De passagens para o infinito
Da mão áspera do destino
Dos olhos vivos do menino
É de cais e mares que digo
De dias mais festivos
De cirandas e de junhos
De dias em desatino
É no chão do coração que planto
Paz, amor e carinho
É dentro de nós que me animo
É fora de nós que o filho vive
É a rosa do povo que Carlos disse
É a vida que explode
Do que vive
Milton Oliveira
06jun/2018