O que já não importa
Tenho muitos medos amontoados pela sala
E isso já não importa, pois nunca vou à sala
E há árvores velhas plantadas no ar da casa
E um amarelo sem brilho, dizem que é a saudade
Tenho alguns medos pendurados no varal
Estão a secar vagarosamente à luz da lua
E fazem sombras grotescas, enormes, feias
Mas fecho a janela do quarto, fecho-me por dentro
Tenho uma diversidade de medos coloridos
Salpicados de estrelas do mar, enrugados
Ficam guardados em um baú espesso e pesado
Desses me esqueço todos os dias, todos os dias
Tenho coragem suficiente para encarar meus medos
Alguns me fizeram companhia a vida toda, outros ganhei
Ao longo do tempo, alguns de amigos, vários se agregaram
Sem que eu percebesse, medo, essa palavra me dá medo
Milton Oliveira
29maio/2018