FESTAS JUNINAS NA MINHA INFÂNCIA
Era junho, era frio, era noite era infância.
Era tempo de terços em louvor aos Santos e bailes para relaxar
Era Antônio, era João e era Pedro.
No alto daquela serra, no mês de junho era festa mês inteiro em quase todas as querências.
E em todas os terços que viravam festas, tinham o mesmo ritual.
Na chegada, todos os homens procuravam a fogueira
As mulheres iam para dentro da residência
E a criança começava a brincar
Os homens proseavam ora de frente, ora de costas para as labaredas da fogueira
O frio intenso e o sereno sem trégua ia fazendo a noite tornar-se mais divina
A meninada brincava de pique, de esconde-esconde e como era bom para se esconder
O quentão de pinga corria solto entre os homens ao redor da fogueira
O quentão de vinho fazia sua vez entre as mulheres dentro da casa
Num dado momento o dono da festa convidava todos os presentes para a reza do terço
Era o momento de fé
A bandeira do santo era toda enfeitada com flores de papel machê
O mastro era todo preparado para astear as bandeiras aos hinos e rezas.
E assim era feito
Em seguida chegava a hora esperada:
Broas de pau-a-pique, biscoitos, pés de moleque, pão caseiro, canjicas, um farturão
Nas chícaras os chás de cravo, de hortelã, de erva cidreira e canela
Os questões de vinho e de pinga eram oferecidos a todos os presentes, menos às crianças
Só agora, com a fé renovada, a barriga saciada e um pouco de zonzura na cabeça, começava o arrasta pé.
Sanfoneiro meia boca, viola desafinada, não importava, apenas o barulho era o suficiente para o bailão se aflorar.
Era junho, era frio, era noite, era infância.
Era tempo de terços em louvores aos Santos e bailes para relaxar
Era Antônio, era João e era Pedro.
É isso aí!
Acácio Nunes