UM BEIJO NA CHUVA
Uma crônica em forma de poema ou
Um poema em forma de crônica
Era um começo de namoro. Eu era mocinha.
Chuva fria de São Paulo gelado.
Ele segurava o guarda-chuva e nos chegamos bem perto para que ele cobrisse a nós dois...
Inevitavelmente aconteceu...
Lembro-me das gotas surdas no pano preto acima das nossas cabeças, lembro-me da sensação de calor que dele emanava...
Lembro-me que foi longo, longânimo, generoso, molhado como a chuva que em volta caía...
Houve a separação. Da varanda nos chamaram a sair da chuva: vocês vão ficar doentes!...
Não importava nada...
Agora, em meio aos meus mais de 500 poemas, as poesias sobre chuva pululam querendo molhar meu caderno e às vezes, as gotas que rolam dos olhos se parecem àquelas antigas gotas de chuva que nunca mais aconteceram...
Que pena!