Na paragem do autocarro
Estou sentada na paragem de autocarro.
Vejo um homem chegar. Ele senta-se ao meu lado.
Passam os minutos e aguardamos a chegada do autocarro.
Ele põe-se a pé e deambula de um lado para o outro.
De repente pára.
Olha para o chão e vê a carta rasgada. Também a vi. Mas não tive interesse nenhum em lhe pegar.
Ele pega-lhe, olha com atenção. Junta os pedaços.
O autocarro chega. Entramos. Sentei-me atrás do homem.
Ele abre a mochila e tira de lá fita-cola. Rasga-a com os dentes e cola os pedaços de papel.
Começa a ler. Eu observo.
Da expressão de curiosidade, surge-lhe no rosto uma expressão indecifrável e depois admiração. De repente começa a chorar.
Guarda a carta no bolso do casaco. Limpa as lágrimas.
Sento-me ao seu lado. Sorrio-lhe. Sorriso devolvido.
Com curiosidade e alguma relutância pergunto-lhe o que estava escrito na carta. Ele olha-me nos olhos.
Cheguei ao destino. Ambos saímos do autocarro.
Aqui conheci o homem que se tornou o meu tudo.