SALVADOR
Nem salvador salva o pedacinho de esperança que um sonho maluco ou rompante inexplicável, inventou numa determinada noite de outono. Ousei fazer poesia de um olhar perdido entre estrelas e atabaques, mas faltou harmonia, pegada, faltou capoeira. A noite, a beira do mar, esse mar tão cantado, amado pelos deuses , já não me encanta a ponto de me fazer namorar um sorriso desconhecido, um meu "bem querer"(quase cantei a canção). Cada alma tem seu tempo, meu acarajé já não me apimenta mais, parece ter gosto de saudade. Tão
pouco o pelorinho me faz viajar pelas pedras pesadas que as mãos negras, sangrando, foram obrigadas , de certa forma, eternizaram como um capela o pelorinho das cores desabercebidas. A diferença não está na arte, mas na livre vontade de lançá-la ao mundo. Acho que já não me salva, essa fervilhante salvador. Mas não posso reclamar, tive tempo de amar, antes de desistir.