Redentor dilacerar

Sinto em meu âmago pertinaz implosão insólita de todos os sentires universais

A advir da dilacerante culpa perene da existência.

Do aquiescer-se de saborear com ferocidade e impetuoso desejo e deglutir e derramar por orvalhados orifícios e submergir com toda a integralidade do oblíquo Ser no doce pecado da carne quente e macia

e de impecável estética e sublime textura e aos sentidos celeste opulência.

A dilacerante culpa perene dos tropeços que esquartejam taciturna alma errante

a rastejar sob rubro tempestuoso oceano de ferro e sal do corpo

Que expande e contorce e afoga e dispara n'a sólida marcha em pretensão obstinada por redenção

A dilacerante culpa que reverbera pungente a florescer d'A eterna Graça da consciência do Ser e do Si a carecer e postular o reto impecável erigir-se e manter-se

A dilacerante culpa da dubiedade das transitórias sempiternas personalidades efêmeras que se albaroam no pairar em irrefreável fluxo excêntrico

e abstém-se de conversarem posto que circunscrevem cabal desdém a ignoto outrém

Vomito em locuções disformes e construção amorfa de estilhaços d'emoção vazios de propósito essa exorbitância de vida

pra tangir enfim a calmaria

no silencioso etéreo fluir.

Nicolle Ramponi
Enviado por Nicolle Ramponi em 04/06/2018
Reeditado em 04/06/2018
Código do texto: T6355078
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