Tormenta

Às vezes eu queria sentir o não-sentimento, aquele que é menos doação, amor e mais lamento.

Verto lágrimas, ensaio lástimas, desespero-me, arrependo-me, já que a vida também é contentamento.

A conta-gotas, mas é, minutos ricos, memoráveis, e outros de dar dó.

Repudio esse sentimento que revira o corpo inteiro dando um nó.

Será que aguento? Será que existirá alguma panaceia ou unguento?

Como só a morte é incontornável faço desse sentimento meu alimento.

E sigo para onde singra meu barco, para onde aponta a bússola.

Mirando as constelações, sem data para voltar, sem emoção e sem culpa.

Peço à maresia que me anestesie até que eu recupere a confiança em mim.

O pior já passou, mas a tormenta do mar e do meu interior precisam ter fim.