Mãos do Sol
Eu sei que a busca de si mesma, às vezes, se dá nesse encontro com o outro, mesmo o perigo de bruscamente colidir com o fluxo ao contrário... Não creio que poderia ser a seta para alguém, ou se o fluxo dos outros poderia sempre me direcionar... você sabe, sou eu quem faço as minhas escolhas. Se há algo que aprendi, é a me conhecer profundamente... sei do que sou feita, de onde vim e para onde quero ir... E se um dia descobrir que não existe caminho, que tudo que busquei e lutei nunca existiu ou não foi verdadeiro e puro como acreditei... eu sei que mesmo assim valeu à pena... pelo movimento que fiz, os passos que dei... e o aprendizado do caminho... Não sei se um farol pode escolher o seu navegar... seu destino está eternamente preso à rocha, imóvel, sem barco e remos... no entanto é ele que aponta o perigo ao navegante, mesmo o medo das águas e das tempestades de escuridão... Não, talvez eu não seja (e você também não) farol de mim mesma, porque como você tenho estradas de dentro sem pavimentação, ainda não sei interpretar todos os meus mapas, nem ver o que há debaixo das folhas secas, se estrada ou precipício, ponte ou abismo... mas sei, isso sei com certeza... meus pés são de barro, mas minhas mãos teimam em tocar o céu, o sol e as outras estrelas...