MARGINAL

O poema morre na calçada em um dia de inverno...

Ser poema era ser apenas um número...

Para quê serve o poema mesmo?

Sempre foi coisa inútil...

O poema fazia pensar...

Jogado alí naquele chão imundo parecia um cão...

Cão não! Cães possuíam donos caridosos e ração, e coleiras caras...

Tudo o que precisava fazer, era lamber seus donos...

Quanto mais dócil maior o mimo...

Mas o poema era rebelde...

Gritava liberdades que incomodava...

Refletia as caras da humanidade...

Poema estúpido! Cale-se!

Morreu abandonado na calçada em um dia de frio.

Mas mesmo morto e enterrado grita o desgraçado...

Fica lá esbravejando no vazio...

E milhares de poemas tombam desolados...

Quem amaria um poema?

Quem alisaria os seus pelos?

Quem daria a ele, um teto?

Quem o domaria?

Romaria de indiferentes passam rentes...

O poema se ressente e mesmo sendo um marginal,

Pragueja, mas com certeza também sabe cantar canções...

ANA MARIA GAZZANEO
Enviado por ANA MARIA GAZZANEO em 24/05/2018
Código do texto: T6345364
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