aqui jaz um homem bom
virou pedra de tanto enrijecer-se
fragmentado, só servia de esfoliante natural pra pele escamosa (não sobrava uma).
como Bethânia dizia em duros versos, era o oco do oco do oco
despejava em poemas vazios; em palavras brutas do livro de ontem,
o rancor que acumulara
é pedra que esfolia
é pedra que esfarela
é barro aglomerado
faz estrago se quebra no bolso
suja a roupa. é pedra falsa
se molha, derrete,
qual chocolate (não era tão doce)
há brechas na tua concretude
escudos bibliografados, referências , fontes, notas de rodapé
em sua lápide, um ponto de vista: aqui jaz um homem bom.
22 de maio de 2018