SOL INTERIOR
SOL INTERIOR
O sol some por detras da serra,
que nao o detem no cume de sua penumbra vegetal.
A paisagem escurece
diante dos meus olhos carnais,
mas volta a clarear ante os meus olhos
perispirituais. Brilha a luz de minha alma,
e enxerga na noite pelo sol interior, e ao inves
de andar, voa como passaro noturno,
e celere visita a escureza no cume da serra.
Apenas o sol lunar,
clareia um pouco a noite
no ambiente sombroso da brenha serrana.
Alem de minha alma,
envolta na propria luz,
um ou outro caçador aventura-se,
por dentro da mata fechada, tentando
surpreender alguma caça
indormida fora de sua toca.
Nem mesmo a pleiade de pirilampos,
com a sua luz intermitente,
conseguem dar a noite,
uma aparencia de sol. E o sol de minha
alma, tao proprio de mim,
vai espalhando centelhas pela noite escura.
Predomina um meio silencio,
interrompido pelo cri-cri dos grilos
e coaxo dos sapos. As estrelas piscam,
com os seus olhos astrais luminosos,
como se namorassem mutuamente
pela permissao amorosa divina.
Um grupo alegre de querubins, voam
festivos por sobre a mata, cantando arias
melodicas, cujas notas angelicas, comovem
os versos livres, que fluem como orvalho
sobre as plantas, no sereno da noite erma.
Enquanto o meu corpo dorme,
a minha alma desperta, promove mais um ensaio
de sua morte carnal. Livre do carcere,
em minha projeçao astral, vejo passar um cortejo
de socorristas, levando boa alma desencarnada
para uma colonia feliz. Sinto vontade
de tambem a socorrer. Uno-me a pleiade
abnegada em suas tarefas missionarias.
Ja estava quase amanhecendo, quando voltei
de minhas andanças astrais. Passei voando
por sobre o cume da serra, cujo sol, mesmo ainda
escondido, lhe oferecia a beleza crepuscular.
Quando acordei, entreabri a janela do quarto.
O vento fresco do inicio da manha, me trouxe
o cheiro agreste da mata. Logo me lembrei
que a sobrevoei de noite,
iluminando-a com o meu sol interior.
Escritor Adilson Fontoura
Adendo: alguns acentos nao estao postos,
porque duas teclas estao defeituosas.