EU FAÇO VERSOS
EU FAÇO VERSOS
Eu faço versos,
para que repousem sobre a frieza
da seiva florida,
enquanto o dia nao alvorece,
e as goticulas orvalhadas
nao fluam, pingando das plantas
que ainda nao amanheceram,
e por isso, tentam, meio sonolentas,
ocultar a luz do sol em vao,
nos restos de sonos vegetais.
Eu faço versos,
como quem caminha sozinho
na estrada deserta,
mas nao ve e nem sente que uma
alma amiga caminha ao seu lado.
O caminheiro hesita,
entre seguir o bom ou o mau
caminho, mas o bom espirito,
seu anjo da guarda, lhe intui
e lhe guia,
para que siga pela boa senda.
Eu faço versos,
como quem chora por quem partiu,
sentindo a dor da perda,
por quem foi e nao volta mais.
Mas dias depois, quem foi,
lhe aparece em sonho. Um sonho
lindo de amor. Quem foi,
lhe dizia que estava vivo do outro
lado da vida. Desde entao,
quem ficou, nao sentiu mais a dor
pesarosa. Sentiu o alivio,
por reviver em novos sonhos,
a presença alegre do ente querido.
Eu faço versos,
como quem procura na paisagem
nublada e fria, alguma quentura de sol,
ou uns restos de nuvens rubras
no fim do ocaso vespertino.
Neste interim, ouço ao longe,
uma musica que talvez venha de alguem
que a cante no sossego de alguma
casa campesina. Ou quem sabe,
ela venha de mais ao longe,
talvez de algum jardim espiritual,
onde uma alma feminina a cante,
instruindo outras almas a aprenderem
a arte musical. Todavia, o meu anjo
da guarda me diz, que essa musica,
tao suave, tao melodica, nao embala
apenas este poema, mas tambem o sono
das aves, que ja estao sobre
os poleiros, prestes a adormecerem.
Escritor Adilson Fontoura
Adendo: alguns acentos nao estao postos,
porque duas teclas estao defeituosas.