Um olhar adentrando a noite

A tarde vai se extinguindo sobre os píncaros e a noite desce suavemente tal qual cortina negra, deslizando frente às janelas da alma. Os postes logo começam a parir luzes sobre as avenidas.

Tons amarelos e tristes pendidos e jogados ao chão.

As cidades sobrevivem ao ininterrupto barulho da vida em ação. Cadência mecânica do exercício laboral diário, maquinário e sentimental.

Ao redor a paisagem verde, abraça as complexas residências em distância e fica em silêncio.

Em namoração, estrelas e pirilampos trocam olhares, luzes e brilhos.

A quietude da mata parece embalar o sono das árvores,

enquanto a brisa as cobre de carícias e canções desprendidas dos ares.

O olhar pacífico percorre a distância, varando os campos da noite,

indo morar por instantes na cidade. A noite tem seus mistérios e cobre tudo de incertezas. As casas se fecham em proteção.

As pessoas se apressam em direções contrárias.

Inexauríveis são os encontros do ser, com a prudência e a ousadia,

com a pressa e a calmaria, porque a noite faz cambalear as pessoas num misto de emoção e razão.

O concreto das ruas e edifícios, dos becos e dos corações endurecidos; a insanidade das mentes; a impunidade dos crimes;

as veracidades da saudade desenham sem giz nos muros do sentir.

De longe o olhar ameno contempla a vastidão de terras vestida de escuro e as luzes nuas, pingadas mais adiante. Eis que vem surgindo o luar. A vida é mesmo assim: campos e cidades,

cobertos de noites, descobertos de manhã.

Fecha-se a porta e fotografado fica o anoitecer.

Takinho
Enviado por Takinho em 16/05/2018
Reeditado em 26/12/2018
Código do texto: T6338178
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.