_________________Amigos
Acabou, mas eles fingem que não. Tudo para evitar o golpe final. Tudo para disfarçar o que precisa ser dito, mas as palavras se recusam. Pisam em pétalas para enganar os espinhos, sair sem grandes estragos. Começar é tão bom, terminar é cruel. E eles são tão frágeis, tão sós, tão unidos em seus descaminhos que inconscientemente desviam o foco, evitam o lógico.
É evidente o medo de sofrer. De acordar o outro dia com uma nova realidade e anoitecer sem a conversa do dia a dia, a chamada pra saber “cê já tá saindo?”. A mensagem que não virá mais no meio da tarde invadindo a reunião com três palavras carregadas de tanto querer “tô com saudade”. A tarde inteira vibrando de alegria, correr pro chamado daquele abraço, ainda que de longe... Ah, são milhares de quilômetros, milhares de árvores, estradas, fios de alta tensão, antenas, riachos, cidades, pastagens, até chegar lá... E a voz. A voz que vem é vida, a voz que vai também... Mas acabou.
Acabou... e não tem mais jeito. “Ficamos amigos?”, vão ficar. Porque isso é o último sopro de esperança. Só um tempo até a dor de se acostumar com a quebra de rotina, as horas marcadas, o pensamento em sintonia de todos os dias... Só o tempo de saber que o primeiro dia vai escoar lento e doído. O segundo, o terceiro e o quarto também... Mas são amigos e se a dor for demais há ainda a possibilidade de contato. Sob um pretexto qualquer — pode ser até aquele “me desculpe, mas tô aqui lembrando aquela música, como é mesmo?” — o outro lado vai engolir a emoção... E a esperança. E vai responder do jeito mais natural que conseguir, só pra aparentar que está tudo bem...
E o tempo vai se escoando enterrando tudo no terreno das recordações, até o dia de não mais doer, e ser só uma saudade... mais uma.
É evidente o medo de sofrer. De acordar o outro dia com uma nova realidade e anoitecer sem a conversa do dia a dia, a chamada pra saber “cê já tá saindo?”. A mensagem que não virá mais no meio da tarde invadindo a reunião com três palavras carregadas de tanto querer “tô com saudade”. A tarde inteira vibrando de alegria, correr pro chamado daquele abraço, ainda que de longe... Ah, são milhares de quilômetros, milhares de árvores, estradas, fios de alta tensão, antenas, riachos, cidades, pastagens, até chegar lá... E a voz. A voz que vem é vida, a voz que vai também... Mas acabou.
Acabou... e não tem mais jeito. “Ficamos amigos?”, vão ficar. Porque isso é o último sopro de esperança. Só um tempo até a dor de se acostumar com a quebra de rotina, as horas marcadas, o pensamento em sintonia de todos os dias... Só o tempo de saber que o primeiro dia vai escoar lento e doído. O segundo, o terceiro e o quarto também... Mas são amigos e se a dor for demais há ainda a possibilidade de contato. Sob um pretexto qualquer — pode ser até aquele “me desculpe, mas tô aqui lembrando aquela música, como é mesmo?” — o outro lado vai engolir a emoção... E a esperança. E vai responder do jeito mais natural que conseguir, só pra aparentar que está tudo bem...
E o tempo vai se escoando enterrando tudo no terreno das recordações, até o dia de não mais doer, e ser só uma saudade... mais uma.