Sê!11

Esta voz silenciosa, do ponto zero do coração, a mesma que me acalenta das idas e vindas neste caso sem solução, também instiga dirigir meus olhos e ouvidos ao propósito translúcido dos seres da natureza, realizando o a que veio, puros, honestos com a vontade imediatista de cada um, sem impor condições para isto, despreocupados se São, se irão morrer, se nasceram. Vivem.

Olhem os passarinhos! Não vejo coragem nem covardia neles, mas sim, O Natural, realizando a vontade na singeleza e pureza das intenções, acima do Ser do mundo; comem frutos que as árvores oferecem, quando querem saciarem a sede, bebem água das poças de lama, dos rios, descansam quando sentem que é hora, não se preocupam se estão agradando ou não, dependuram-se em qualquer lugar, e silenciam, lutam para satisfazerem tão somente a vontade própria do instante, nem mais, nem menos.

As árvores, ah! O propósito vem armazenado na semente, delas mesmas e por elas, germinam das profundezas do solo, rasgam o chão, assumindo o próprio sofrimento, dirigem-se ao encontro do calor do sol, que dá o amparo e vitalidade para continuarem, de um pequeno raminho, transformando-se em obra pronta, algumas frondosas, outras, no meio do caminho, frustram no resultado, secam, não se finalizam, indo para a terra seus restos, servindo de esterco para a florada de algo novo.

Outras ainda, até que se fazem frondosas, mas devido ao solo, ou até mesmo pela deficiência congênita da própria semente, não dão frutos, em algumas, aparecem, aguados, sem sabor.

Tem as que vingam, vencem os desafios que o destino prometia, depois de serem expostas ao calor do sol, da seca, dos ventos e dos riscos de serem destruídas, se fazem árvores frondosas, dão frutos suculentos em abundância, do jeitinho que a semente sinalizou no começo, antes de germinar.

A natureza não inova, É, não guarda segredo no seu espetáculo, tudo que tem, vem. Aquele ser que nasce para ser daninho, será assim até não ser mais um dia, outros, seguem a docilidade de suas intenções, sem querer além, no pouco ou no muito, são servos daquilo que seus instintos pediram desde o nascedouro.

Antes da semente ser, precisou antever, prever em seu bojo tudo que queria ser. A fauna e a flora também, para serem neste ecossistema sincronizado e uno, antes, se prepararam. Todas as espécies e suas classificações, demonstram previdência, grandes planejadores de si mesmas, tem perspectivas e previsão de resultado.

E porquê não, Eu? teria antevisto antes de ser o que Sou? Pela ausência da identificação para meu intelecto de quem sou na essência, a experiência com o paralelismo de vida da natureza instintiva do corpo físico que vivo, com os seres da mesma natureza que estou inserida, concluo que não me resta outra saída a não ser viver a instante no corpo, este agora que me é oferecido como único, atendendo a vontade sob o égide desta sombra amorosa e acolhedora que vivo dentro.

O Mestre , na parábola do semeador, sugestionava mistérios maiores que estas elucubrações apequenada que arrisco neste prosear, indicava o caminho, que déssemos frutos, cumprisse nosso propósito, aqui.

Ser natural.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 05/05/2018
Código do texto: T6328147
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