O rio secou



Quando viveu tudo, foi sem sentido, lembra um tempo perdido,
Não ouve mais os passos, nem tem o olhar ao longe.
Nada mais quer aspirar... Seu mundo interior não canta, ou grita, 

nada por dentro transborda, de si mesmo é um fugitivo, da vida
hoje se esconde.

 

Tanto quis respirar o ar puro, que ainda soprasse alguma ilusão.
Enquanto isso a vida segue igual por entre as copas das árvores,
marcando o tempo, rasgado pelo brilho do sol beijando o vento.


Imponente à espreita, observa o caminho que está no vai e vem
das cortinas suspensas... a verde folhagem no alto dos céus,  dá

a falsa esperança, de que tudo vai passar.


Tingindo vem o tempo dando cores ao verde dos frutos, e galhos

secos, jogam ao chão as folhas mortas, tingindo de amarelo,  os
meus sonhos mudos, por outro sei de tudo o que eu não quero...

Por dentro pássaros tristes silenciosos se aninham, seus medos?

 

Não fazem mais alvoroço, temem os espantalhos!

 

Sobreviveram às tempestades os pássaros miúdos, mais parecem
folhas secas perdidas voando sem parar, o olhar à espreita, tudo

é calmaria, fuga de qualquer paixão, a poesia já não lhe encanta,
não quer mais sentir em sua alma a nostalgia.


A poesia já não se encanta com um cenário descrito com doçura,

Alma sedenta sente as horas, com olhos fechados, sem sonhar,

percorrendo o próprio leito, sentindo esvair-se, quando a próxima

estação chegar, trazendo outras luas, nada mais encontrará.


Não é fictício, a poesia mergulha fundo onde não deveria.
Um rio seco onde não se reflete luz, em nenhum mar se perderá.
.

Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 04/05/2018
Reeditado em 07/10/2024
Código do texto: T6327000
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.