O rio secou
Quando viveu tudo, foi sem sentido, lembra um tempo perdido,
Não ouve mais os passos, nem tem o olhar ao longe.
Nada mais quer aspirar... Seu mundo interior não canta, ou grita,
nada por dentro transborda, de si mesmo é um fugitivo, da vida
hoje se esconde.
Tanto quis respirar o ar puro, que ainda soprasse alguma ilusão.
Enquanto isso a vida segue igual por entre as copas das árvores,
marcando o tempo, rasgado pelo brilho do sol beijando o vento.
Imponente à espreita, observa o caminho que está no vai e vem
das cortinas suspensas... a verde folhagem no alto dos céus, dá
a falsa esperança, de que tudo vai passar.
Tingindo vem o tempo dando cores ao verde dos frutos, e galhos
secos, jogam ao chão as folhas mortas, tingindo de amarelo, os
meus sonhos mudos, por outro sei de tudo o que eu não quero...
Por dentro pássaros tristes silenciosos se aninham, seus medos?
Não fazem mais alvoroço, temem os espantalhos!
Sobreviveram às tempestades os pássaros miúdos, mais parecem
folhas secas perdidas voando sem parar, o olhar à espreita, tudo
é calmaria, fuga de qualquer paixão, a poesia já não lhe encanta,
não quer mais sentir em sua alma a nostalgia.
A poesia já não se encanta com um cenário descrito com doçura,
Alma sedenta sente as horas, com olhos fechados, sem sonhar,
percorrendo o próprio leito, sentindo esvair-se, quando a próxima
estação chegar, trazendo outras luas, nada mais encontrará.
Não é fictício, a poesia mergulha fundo onde não deveria.
Um rio seco onde não se reflete luz, em nenhum mar se perderá.
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