O CAMINHO DE TODA A TERRA

Foi quando ouvi tua voz chorando na escuridão total; tudo se pareceu mover naquele universo, antes tão estático e sem dinâmica cheio de leis, as aves pareceram mergulhar fundo na existência, peixes revolucionários resolveram desbravar a Terra, o big bang e a evolução deram as mãos.

Desde então a ordem e os bons costumes se emaranharam com o caos e a revolução; orbes celestes abandonaram a zona de conforto, agora somos estrelas, tantos planetas girando ao redor de nossos dedos…

Naquela época as águas eram tudo o que eu conhecia, os rios e mares não se separavam, tudo fluía junto para o infinito e eternidade mas trouxeste o fogo, invólucros de lava e a força dos vulcões.

Após um momento de destruição total, solos floresceram com energia máxima e vital de nós, brotaram flores da pedra e homens do barro; lá havia pastores a celebrar

reis e anjos, homens que buscavam as ovelhas desgarradas, lordes de terras infinitas, astros que brilhavam fora do tapete vermelho.

Por que me procuraste? De onde vieste a fim de encontrar este planeta? Pois cada homem é uma ilha e seu mundo é oceano, vieste de jangadas ou naves interplanetárias? Navegaste as ondas da luz ou de rádio? Qual estrela supernova no céu deu-lhe o caminho?

Mas apenas nas trevas desta caverna ecoa, ao longe, a voz do mar nestas conchas de mistério, sibila a voz do vento a aspergir suas folhas, teu clarim de flauta vem

impiedoso a meus sentidos, tu és arcanjo ou serpente?

No ar apenas o suspense nestas paradas sombrias, até que todas as coisas voltem ao pó e se renovem, que o velho homem em mim siga seu caminho de areia a fluir nas mãos dos mestres do tempo.