MISTÉRIOS DA NOITE
Sentada na murada da varanda,
observava a noite, lenta e serena a cair...
O céu azul, tingiu-se de róseo, cinzou
e de repente, se tornou em vasto negror!
O vento gelado das noites outonais, chegou
e já se fazia sentir, rodopiando em ciranda,
pela folhagem do arvoredo, causando tremor.
- Breve entre os galhos, eu veria a lua surgir! -
Morcegos transitavam razantes pelo sapotizeiro
carregadinho de suculentos frutos, seu objetivo,
e seus trinados eram ouvidos numa linguagem
só deles, certamente reclamando minha presença
estranha e intrusa, atrapalhando sua planagem!
Ah, essa doce hora de silêncio meditativo,
onde apenas aqueles ruídos quebravam a paz!
Será que eu veria as estrelas do cruzeiro?
Sentiria na pele o arrepio da escuridão intensa,
ficando amedrontada com mistérios que noite traz?
Talvez sim, talvez não... mas nesta sintonia
eu poderia sentir o tempo passando no mutante
do dia para a noite, sua luz em distonia,
a que tudo se reduz, num breve instante,
levando junto, a vida, a menos um dia,
na contagem do sabor da existência!
AMÉM!