Sê! 6

Não tenho a fórmula, o jeito ou as condições para o estar parado, para o deixar a mente, passo ser platéia. Disseram isto em outras línguas, até nesta que transcrevo.

Ah! Como tentei! ensaiei ! deixar fluir a mente, respirei pausadamente, ritmicamente; obedeci vários sugestionamento de livros, falas dos sábios e iluminados. Fiz direitinho! Sem sucesso. E ainda panfletava que amava a vida, me amava. O circo esrava sendo tocado nos rigores da sutileza que a arte pede.

Quando parava para estar comigo, no silêncio, ia aquela cujo nome meus pais me deram, a que foi escrita pelo mundo, não havia espaço para Eu ser, eu não dava espaço.

Não havia uma greta sequer que pudesse permitir a dúvida, ao menos a remota incerteza de que aquela que o mundo conhecia como sendo eu, não era Eu.

E veio a queda brusca, o tapete que disfarçava, me mantendo firme na ilusão descabida da identidade mulher que tinha, foi tirado.

Busquei os movimentos das pernas, dos joelhos, dos braços e mãos do corpo, numa manhã de sol da primavera, não encontrei. Me vi na fronteira quando o maquinário do corpo físico parou.

Conheci a verdade, o fato de que a dor e o amor são irmãos siameses no processo de transformação da mente, vivem entrelaçados em suas naturezas.

Para o bebê nascer, precisa da dor do parto, o novo pede certa grandeza de sacrifício. Intuo que a Personalidade Suprema é o verbo, criador primeiro do desejo, como meio a alcançar a perfeição, o caminhante passa a almejar a Totalidade, quando descobre que não é o corpo e nem a mente.

Isto tem me seguido, e quanto mais me interiorizo, sinto, vejo o sofrimento como Um, que, em contrapartida, me expande para além do que indica o corpo físico, me levando como fosse em direção ao trono onde assenta o Amor Supremo, Imperador da existência. Intuo que Ele pode ter solução para esta dualidade entrelaçada que move meu interior, amor e dor, revelando minha verdadeira face.

A mente? Ah! Não dou conta dela mais, desisti de pegar no chifre dos pensamentos tentando conduzi-los, me dou por vencida, tem feito o que quer ultimamente. Criancinha mimada!

Quem sabe eu consiga alcançar a consciência que lhe dá vida, matando sua força.

E Tu?

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 30/04/2018
Código do texto: T6323399
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