As Macieiras

Duas macieiras frondosas, moravam no pico do Monte das Oliveiras, seus galhos pendiam quase ao chão logo após a florada.

As maçãs que produziam eram vantajosas desde tenra idade, derramavam ao chão em abundância, além daquelas que permaneciam nos galhos, intrépidas aguardando o colhimento para consumo.

Aqueles frutos, prestes a caírem em desuso, tinham destino, as árvores por si mesmas os levavam a putrefação, provocando as suas quedas ao solo, permitindo o recolhimento do resultado do trabalho pela inconsciência, fertilizando o solo para o próximo germinar.

Estas duas árvores, par único entre as oliveiras, serviam aos mais variados gostos, mesmo sendo de uma só natureza.

Os ursos, vez ou outra vinham descansar em suas sombras, degustando folhas e frutos dos seus acolhedores galhos.

Os leões, onças, aves de rapinas, hienas e javalis, não hesitavam em irem até elas, para ruminarem as carniças comidas.

Passarinhos, na pureza de suas ações, beliscavam pedacinhos das maçãs, deixando o resto, a fruta perecia pela lesão. Sem problema! caiam ao solo da inconsciência para servirem de esterco. Nada se perdia.

Raposas, bichinhos que eram fãs do consumo da fruto que as macieiras forneciam, faziam festa, deitavam e rolavam na saciedade.

E elas, do que nutriam, como se bastavam? além da renovação periódica de suas folhagens e frutos? Eram amigas amantes na natureza mãe Terra. Se enamoravam, mesmo que tinham por sentença o não caminharem até o outro em suas essência, não conhecendo as verdadeiras faces em reciprocidade.

Sobretudo, dioturnamente, trocavam suas seivas, entrelaçavam no mais profundo de suas intimidades, se conheciam antes de qualquer folha, fruto produzidos. Se conheciam um ao outro em toda extensão das suas constituições. Era o suficiente.

Aqueles que se nutriam daquelas árvores jamais entenderiam isto, o santuário festivo do pacto amoroso era vivido somente entre as macieiras.

Depois, doavam seus frutos, folhas e galhos em resposta ao amor intrínseco vivenciado por ambos. O mundo se beneficiava em bonança e aconchego.

Heitor, passou não dar mais folhas e frutos, até que faleceu aos oitenta anos, deixaria saudades.

Milgred, sua companheira, foi na noite seguinte, sua seiva não se bastou, sozinha.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 25/04/2018
Código do texto: T6319131
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