O sol tece o caminho, com uma luz rendilhada entre os galhos. Desfaz o orvalho, enchendo  o  ar  com o cheiro da malva perfumada com que se varrem o forno de fazer biscoito. Os cavaleiros  mais afoitos vão à frente, exibindo vigor que não têm. Vencem as horas por léguas a fio, contadas no ranger da cela.  Nenhuma vela acendem aos mortos guardados  no campo santo. Descem, afrouxam os arreios e bebem cerveja. Conferem os freios, estribos e cilhas. E deixam uma trilha de comida para as raposas: farelos de pão e ossos  de galinha assada.
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Adalberto Lima, trecho de "Estrela que o vento soprou."