O sol tece o caminho, com uma luz rendilhada entre os galhos. Desfaz o orvalho, enchendo o ar com o cheiro da malva perfumada com que se varrem o forno de fazer biscoito. Os cavaleiros mais afoitos vão à frente, exibindo vigor que não têm. Vencem as horas por léguas a fio, contadas no ranger da cela. Nenhuma vela acendem aos mortos guardados no campo santo. Descem, afrouxam os arreios e bebem cerveja. Conferem os freios, estribos e cilhas. E deixam uma trilha de comida para as raposas: farelos de pão e ossos de galinha assada.
***Adalberto Lima, trecho de "Estrela que o vento soprou."