Aparências
Sou aquele que carrega a dor no peito,
Que deita com a raiva e finge dormir.
No almoço alimenta-se da fria vingança,
Na janta bebe um vinho bem amargo,
Encena no palco mas não sabe fingir.
Sim, sou o mesmo que atira a pedra
E depois atira uma moeda no prato.
Que caminha na escuridão da noite,
Carrega nas mãos um enorme lampião,
Come toda ilusão e ainda não fica farto.
Ao amanhecer, visto-me de nobre
E à noite, sou apenas um gato pardo,
Falando de um amor que não conheço.
Porque não consigo apressar meus passos,
Justifico com meu triste e pesado fardo.
Ah! Sou aquele que se lambuza de mel
Para atrair algumas pobres formigas.
Que chora como um faminto crocodilo,
Tem enormes olhos não verdadeiros
E muitas garras ao invés de mãos amigas.
Sabe, na graduação da escola da vida,
Tento ser aquele estudante mais forte.
Tiro dez em química, matemática e inglês,
Física, arte, português nem tanto assim,
Mas tudo graças a enorme roleta da sorte.
Felicidade é um lago que não tem fim,
E eu mergulho nele sem saber nadar.
Sujo toda água com inúmeras aparências,
e não consigo enxergar nenhum bem,
Tentando de todas as maneiras me salvar.
Quem sabe um dia eu preencha o vácuo
Que habita meus dias vazios e sem graça!
Aprenda, principalmente,a arrancar de mim
O mal que nutre meu ser de imperfeições,
E que faz de mim uma simples fumaça!
Lu