Aparências

Sou aquele que carrega a dor no peito,

Que deita com a raiva e finge dormir.

No almoço alimenta-se da fria vingança,

Na janta bebe um vinho bem amargo,

Encena no palco mas não sabe fingir.

Sim, sou o mesmo que atira a pedra

E depois atira uma moeda no prato.

Que caminha na escuridão da noite,

Carrega nas mãos um enorme lampião,

Come toda ilusão e ainda não fica farto.

Ao amanhecer, visto-me de nobre

E à noite, sou apenas um gato pardo,

Falando de um amor que não conheço.

Porque não consigo apressar meus passos,

Justifico com meu triste e pesado fardo.

Ah! Sou aquele que se lambuza de mel

Para atrair algumas pobres formigas.

Que chora como um faminto crocodilo,

Tem enormes olhos não verdadeiros

E muitas garras ao invés de mãos amigas.

Sabe, na graduação da escola da vida,

Tento ser aquele estudante mais forte.

Tiro dez em química, matemática e inglês,

Física, arte, português nem tanto assim,

Mas tudo graças a enorme roleta da sorte.

Felicidade é um lago que não tem fim,

E eu mergulho nele sem saber nadar.

Sujo toda água com inúmeras aparências,

e não consigo enxergar nenhum bem,

Tentando de todas as maneiras me salvar.

Quem sabe um dia eu preencha o vácuo

Que habita meus dias vazios e sem graça!

Aprenda, principalmente,a arrancar de mim

O mal que nutre meu ser de imperfeições,

E que faz de mim uma simples fumaça!

Lu

Lucineide
Enviado por Lucineide em 22/04/2018
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