CARÊNCIA E PAIXÃO
A carência era tanta,
que bastou um verbo,
no momento certo.
O verbo da ilusão.
Sim, apenas um.
Um modo e três tempos.
Dois deles indicavam uma confissão,
Inesperada e decidida.
Produziu-se ali,
um certo encantamento.
Mas, o melhor dos três
era a promessa contida,
em trechos de um belo poema,
elaborado para envolvimento.
Formas capciosas,
extremamente elegantes.
Impressionante!
mas ardilosas!
Coisa de um cavalheiro determinado.
Palavras cuidadosamente escolhidas,
para revolver emoções recolhidas,
até do tipo adormecidas.
Uma espécie de isca,
para ser lançada ao peixe faminto,
em águas paradas.
Este, uma presa fácil,
por ser muito confiante,
deixou-se envolver
pelos braços da fantasia.
Nada mais era preciso,
para gerar uma paixão cega,
desmedida, alucinada e dolorosa.
O pior ainda estava por vir,
pois aquele ser cativante,
otimista e muito falante,
objeto de muita admiração,
demonstrou certo dia,
que não tinha a menor consideração
por alheios sentimentos.
Enxergar a verdade crua e nua,
foi mesmo um tormento.
Confissão e promessa,
eram apenas táticas de conquista,
de um mero predador inconsequente,
irresponsável e indiferente.
Não havia nenhuma verdade naquilo.
Muito menos, amor.
Talvez um desejo momentâneo,
Uma ligeira e finita atração...
As palavras eram apenas palavras.
Palavras vazias, passageiras, sem lastro.
Aquela mente sedenta de vida e amor,
só poderia cometer erros de interpretação.
Juntar os cacos que sobraram, foi o jeito.
Depois, a única solução,
foi retirar aqueles nós do peito,
E para encerrar para sempre a questão,
na pasta de arquivo morto,
foram depositados momentos de alegria
e uma grande decepção...