O Amor Somente Será Fogo 3

Tivemos os da ação. O mais fecundo em palavras nestes últimos dois mil anos, foi Cristo, o Verbo que se fez carne.

Na história, se passou como filho do carpinteiro, nascido numa manjedoura. Ganhou o mundo, tinha a precisão com as palavras; na fala do amor, do perdão, da possibilidade de termos tudo, se crermos, dizendo que o Reino dos Céus habita em nós.

Tinha em seu espírito a fórmula da bem-aventurança traduzida em miúdos. Sintetizou, foi além do deixar sua marca entre os seus pelos atos de homem comum ou literato, transpôs qualquer sentido filosófico, materialista, ou metafísico.

Seu nome e pensamento impregnou de tal maneira o Ser da humanidade, que não depende mais do fato histórico de sua pessoa. Mesmo que nunca tivesse existido, o Cristo místico não nos deixaria mais, tamanho é seu acerto das palavras que indicam serem suas entre nós, a ideia da possibilidade de apequenar, diluir as doenças da alma, por nós mesmos. Deixou de modo supremo e indiscutível, a chave para o aperfeiçoamento e vitalidade da alma.

Não! pelo que se deduz dos seus pensamentos, não veio aqui para interceder em favor dos humildes e necessitados, o pão que mata a fome do corpo, e muito menos contra a velha parafernália de mandos que subjugam os que tem menos nos tempos.

Pensou primeiro em presentear todos nós com o remédio que serviria como curativo para a alma. Afinal, antes de qualquer conhecimento, ciência, opulência material que possa uma pessoa obter, com tal elixir, seria possível viver nas nuvens com os pés no chão, sem agredir, transgredir o olhar, a necessidade do outro.

Totalmente à parte do tecido social e político que era tecido no mundo que vivia, em meio as guerras e injustiças sociais das mais variadas, foi semeando entre os seus, palavras que se eternizariam como código para o sucesso interior.

Deixou de herança a humanidade sementes do sucesso, dentre elas:

Ame o próximo como a si mesmo.

Não julgueis, para não serdes julgado. Pois o julgamento com que julgais, sereis julgado, e com a medida com que medis, sereis medidos

Ame seus inimigos, faça o bem para aqueles que te odeiam, abençoe aqueles que te amaldiçoam, ore para aqueles que te maltratam. Se alguém te bater no rosto, ofereça a outra face

Aquele entre vocês que não tiver pecado, seja o primeiro a atirar a primeira pedra

Setenta vezes sete perdoa teu irmão

Tudo é possível àquele que crê.

Daí se extrairia que propôs abolir o julgamento do outro no viver e conviver, destacou a importância do amor incondicional e do perdão, além do exercício da fé, a relevância da certeza nas ações aguardando o fim almejado. Ferrenho abolicionista da dúvida, e da fraqueza de vontade.

Depois Dele, guerra e mais guerra. Foi enxovalhado, noutras, colocado nos cumes das mais variadas religiões do mundo, mesmo assim não tem servido o suficiente de voz, aquela predestinada, para a paz no mundo.

Suas palavras aguardam valermos delas. Que começemos descascando este emparedamento que fizemos dentro, que calcifica a vontade para entrega à vida, definitivamente, apropriando do que é nosso, o próprio Ser.

Imagine, que êxtase quando isto ocorrer! Frequentaria livremente a casa interior, sairia desta tábua de concatenações humanas que faço, onde deito para sonhar, e descansar este amontoado, invólucro que diz ser Eu.

Viverei, definitivamente. Não sonharei mais. Serei.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 11/04/2018
Código do texto: T6305914
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