Ao Mar...

Ao mar

Quem pode dizer...

Que amar sem sofrer...

Satisfaz o querer de sentir...

E o esquecer de logo vem...

Vem adornando a segurança, e a lembrança...

...lembrar-se do que esta morrendo...

Esta escura...

Sem o odor...

Porque se lamentar de algo,

Algo dizer algo, algo, algo...

Dizer amor...

Amor...

Na praia escrevi teu nome na areia...

E como se fosse o tempo às ondas apagaram teu nome...

E como se fosse os dias a areia estava úmida de você...

E como se fosse eu...

Vi-me no alto mar...

Em deriva...

Com as mãos levantadas pedindo socorro...

Estava eu na praia,

Deixando-me morrer afogado...

Em você...

Nem boia...

Nem corda...

Sem ajuda...

Virei às costas pra mim...

E voltei para o carro...

No caminho é como se fosse...

Ter me ofertado para o mar que é você...

E você me afundou...

Em seu universo sem ar...

Afogado no mar...

Deixei-me morrer...

Para sobreviver num ser que serei outro...

No caminho retornei...

Nas esperanças que acabaram de sair de mim...

E longe deste mar que era você...

Sou apenas um motorista...

Sou apenas um condutor,...

Ë como se meu carro tivesse vida...

Nem sei o que faço se ele parar...

Porque já parei...

Quando cheguei a casa...

Que não era eu...

Sentei na cadeira...

Que não sou eu...

E me lancei ao ar...

Este sim sou eu...

Pois fui para longe...

Bem longe de mim...

Bem longe do que fomos...

Bem distante...

Deste amor...

Que nunca existiu para o mar...

Somente para mim...

Somente para um sobrevivente...

Dos ventos e rebentos que é...

Amar.

CARLLUS ARCHELLAUS
Enviado por CARLLUS ARCHELLAUS em 09/04/2018
Código do texto: T6304166
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