Ao Mar...
Ao mar
Quem pode dizer...
Que amar sem sofrer...
Satisfaz o querer de sentir...
E o esquecer de logo vem...
Vem adornando a segurança, e a lembrança...
...lembrar-se do que esta morrendo...
Esta escura...
Sem o odor...
Porque se lamentar de algo,
Algo dizer algo, algo, algo...
Dizer amor...
Amor...
Na praia escrevi teu nome na areia...
E como se fosse o tempo às ondas apagaram teu nome...
E como se fosse os dias a areia estava úmida de você...
E como se fosse eu...
Vi-me no alto mar...
Em deriva...
Com as mãos levantadas pedindo socorro...
Estava eu na praia,
Deixando-me morrer afogado...
Em você...
Nem boia...
Nem corda...
Sem ajuda...
Virei às costas pra mim...
E voltei para o carro...
No caminho é como se fosse...
Ter me ofertado para o mar que é você...
E você me afundou...
Em seu universo sem ar...
Afogado no mar...
Deixei-me morrer...
Para sobreviver num ser que serei outro...
No caminho retornei...
Nas esperanças que acabaram de sair de mim...
E longe deste mar que era você...
Sou apenas um motorista...
Sou apenas um condutor,...
Ë como se meu carro tivesse vida...
Nem sei o que faço se ele parar...
Porque já parei...
Quando cheguei a casa...
Que não era eu...
Sentei na cadeira...
Que não sou eu...
E me lancei ao ar...
Este sim sou eu...
Pois fui para longe...
Bem longe de mim...
Bem longe do que fomos...
Bem distante...
Deste amor...
Que nunca existiu para o mar...
Somente para mim...
Somente para um sobrevivente...
Dos ventos e rebentos que é...
Amar.