Psicoeta

Também não sei nada sobre a vida. Bem que tento, experimento, através da tradução de alheios apoquentamentos exprimir a minha visão, minha óptica da cousa, levantar a minha opinião sobre a escrita ruidosa, mas aquilo que pinto por aí são só quadros como tal, cobertos da imaginação sem cobertura que prorroga o recital.

Promulgo a insuficiência e a deficiência do bom senso e as lágrimas executadas se desgatam, nunca chegam a nenhum consenso. Eu, individualmente, não sou de declarações amorosas, sou mais eu quando carrego de lamento as minhas prosas, meu amor foi-se embora, não aceitará voltar jamais, porque descobriu o louco que sou, em busca da sua paz. Descobriu que sou conflito, um confuso em solo da determinação, cuja certeza se abala logo no primeiro "não".

Pareço psicólogo. Se sou, saiba que penso em matar-me. Sedentário assumido, mesmo andando na ruas, inutilizaram minha vontade de ser social, de me abrir para ser lido, hoje o ganho é dessa ignorância que me vê cada vez mais desconstruído.

Mas a culpa não é de fora, é minha me por esquecer das origens e acreditar que um dia poderia aqui ser também meu lugar. Os psicopatas só não querem é pensar porque por demais tornam-se suicidas e na tentativa de voltarem ao normal pioram lentamente o mau estado das suas vidas. Eu cá sou uma vítima do que a minha cabeça produz, coisas que só consigo matar dormindo e este sono que só surge quando quero morrer...

Não sou grande coisa, apenas transcrevo as conversas dos meus demónios, os quereres dos meus sonhos, as fervuras dos desejos, e como despejo, para não ficar entupido, faço das letras guardanapos ou lenços para arquivar o ranho de maus presságios e atirá-lo por fim ao lixo.

Widralino
Enviado por Widralino em 01/04/2018
Reeditado em 01/04/2018
Código do texto: T6296448
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