LABIRINTO.

Dia desses, educadamente, o convidei para uma prosa. Assim, como que, desinteressadamente... Mas teimoso e astuto como só ele sabe ser, espertamente, despistou-me e por outros caminhos enveredou o destino da dita cuja. Percebi e dei de ombros. Já acostumada com suas estratégicas fugas, pacientemente, aguardo pelo momento ideal.

Quanta ingenuidade...Há tanto o conheço e ainda assim, acha que pode me enganar. Poucas vezes, segredou-me seus sentires, seus temores, suas dores...tantos caminhos precisei percorrer buscando por ele. E quando, mais uma vez, finalmente, achei que ficaríamos frente a frente, escapa-me feito relâmpago na tempestade. Nessa tentativa boba de me enganar, certo dia, o flagrei até mesmo, batucando uma canção!! Pude perceber que havia empolgação, no entanto, duvidei da emoção. Aos poucos, tudo foi voltando ao ritmo normal, lento e cadenciado. Ora, não seja tolo! Conheço mais você do que a mim mesma...

Um dia haverá, em que será vítima de suas próprias artimanhas. E compreenderá que a fuga, algumas vezes, é necessária. Contudo, meu pobre e insensato coração, entenderá que fugir de si mesmo é perder-se num labirinto sem fim e, que ninguém poderá ajudá-lo até que percorra o caminho com coragem e enfrentamento. E então, quem sabe, nesse perder-se de idas e vindas, acabe por encontrar a sua tão procurada verdade.

Elenice Bastos.