DESABAFO
DESABAFO
Onde será escondeu-se a gentileza
Quando meus olhos se abrem em manhãs
Após tantos pesadelos reais de brutalidade
Assistidos diária e ininterruptamente
Começo a duvidar da viabilidade da raça
Da capacidade de amar o próximo
E não de pensar, quem será o próximo
A cair nas malhas e na violência do ódio
A morrer ou ferir-se por nada
Por um mero aparelho eletrônico
Por ídolos histriônicos
Por ideólogos canhestros
Com suas estupidezes infinitas
Suas guerras insanas
Suas religiões profanas
Suas materialidades finitas
Em nada mais se vê a misericórdia
A compaixão, o amor
Apenas a mixórdia
Justificada pela busca da “justiça”
Que nada tem de divina, postiça
Apenas reage e vale para um dos lados
Como se o mundo não fosse esférico
Mas um dado
Repleto de lados
E números que nada valem
Apenas mostram diferenças
Para mais ou para menos
Sem ao menos
Deixar de jogar a sorte pela janela
Fazendo da vida uma esparrela
Do alto de duvidosa sapiência
A temporada de caça não tem fim
A paz
Só no jaz
É o que se prenuncia
Por fim