DESABAFO

DESABAFO

Onde será escondeu-se a gentileza

Quando meus olhos se abrem em manhãs

Após tantos pesadelos reais de brutalidade

Assistidos diária e ininterruptamente

Começo a duvidar da viabilidade da raça

Da capacidade de amar o próximo

E não de pensar, quem será o próximo

A cair nas malhas e na violência do ódio

A morrer ou ferir-se por nada

Por um mero aparelho eletrônico

Por ídolos histriônicos

Por ideólogos canhestros

Com suas estupidezes infinitas

Suas guerras insanas

Suas religiões profanas

Suas materialidades finitas

Em nada mais se vê a misericórdia

A compaixão, o amor

Apenas a mixórdia

Justificada pela busca da “justiça”

Que nada tem de divina, postiça

Apenas reage e vale para um dos lados

Como se o mundo não fosse esférico

Mas um dado

Repleto de lados

E números que nada valem

Apenas mostram diferenças

Para mais ou para menos

Sem ao menos

Deixar de jogar a sorte pela janela

Fazendo da vida uma esparrela

Do alto de duvidosa sapiência

A temporada de caça não tem fim

A paz

Só no jaz

É o que se prenuncia

Por fim

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 28/03/2018
Reeditado em 29/03/2018
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