“sinfonia”
Começou por uma brisa fria, depois passou à rebeldia e tornou-se vento forte… Levava tudo pelo ar, folhas, roupa que havia nos varais, e coitadas das árvores obrigava-as á sua passagem a curvar … Não veio sozinho, o vento trouxe as nuvens pesadas, grossas e cinzentas, “puxou” pelos chuviscos, e gotinha aqui e outra acolá, de repente era uma cascata de água fria do céu a cair... Abri a janela, e adorei sentir o cheiro a terra molhada, sentir o vento a fustigar-me os cabelos… Olhei para o céu, e só pedi que o sol aparecesse e brilhasse nas gotas de chuva que ficavam nas vidraças da janela ou nas folhas de árvores que já começavam a brotar, e assim se refractassem e o arco iris aparecesse... Adoraria ter sido brindada com um arco-íris, mas ele não apareceu, porque instalou-se um forte temporal como há muito não via, e o sol decerto estava temeroso e no seu habitat agora dormia…
Fiquei ali, de rosto encostado á vidraça a ver a intempérie que se fazia sentir… De escuro como breu, rápido se fez noite, e quando ela chegou eu estava acompanhada pela nostalgia…
Estava escuro em minha casa, só as luzes dos candeeiros da rua naquele momento iluminavam as paredes da minha sala… Cansada de estar de pé, sentei-me no sofá coberta pela minha écharpe, acendi a luz do candeeiro pequeno, peguei num livro e deixei-me ficar ali a ler, mas sempre atenta à “sinfonia” que a mãe natureza lá fora fazia!